Roma é uma cidade que respira e inspira história. Além dos monumentos, templos e igrejas, uma viagem à Cidade Eterna não está completa sem uma imersão gastronômica. Mais do que a experiência de dar água na boca, a culinária da cidade é uma aula de história romana.
O ditado popular “Giovedì gnocchi, Venerdì pesce, Sabato trippa” (quinta-feira nhoque, sexta-feira peixe, sábado tripa) é um bom exemplo. Ele surgiu no período de racionamento pós-guerra, que exigia criatividade dos italianos na hora de comer. Hoje, muitos pratos, requintados e populares mundo afora, têm sua origem em tempos difíceis. Talvez como forma de preservação histórica e cultural, os romanos valorizam tanto os seus produtos e ingredientes locais.
Como escolher onde comer em Roma
Para garantir que sua experiência gastronômica se aproxime ao máximo da autêntica culinária romana, a primeira dica é evitar restaurantes próximos dos principais atrativos turísticos da cidade, como o Coliseu, a Fontana de Trevi ou a Piazza Navona. Isso não significa que você não possa encontrar ótimos restaurantes nessas áreas, mas as chances são de que você coma sabores mais padronizados e a preços turísticos.
Inclua o distrito de Testaccio em seu roteiro e tenha a garantia de comer como um romano. Muitos dos pratos mais populares da cidade surgiram nesta região. Aproveite também para visitar o bairro de Trastevere, você encontrará várias opções de restaurantes com pratos autênticos e receitas originais. Por ser mais conhecido entre os turistas, os pratos em Trastevere tendem a ser um pouco mais caros porém com ótima qualidade.
Outra dica preciosa é comer nos horários dos romanos. O café da manhã vai das 6h00 às 9h00. Lá pelas 11h00, vale encarar um aperitivo – um drink acompanhado de alguns petiscos. O almoço vai do meio-dia às 14h00 e o jantar das 20h00 às 21h30. Entre as duas refeições é comum outro aperitivo por volta das 18h00.
Leia mais: O que fazer em Roma, dicas para o seu roteiro
Os Pratos típicos de Roma
1. Pizza al taglio
Essa comida típica de Roma é uma pizza “diferentona”, com formato retangular, servida em pedaços (taglios), vendida por peso e consumida no balcão ou caminhando pelas ruas. A variedade de sabores e o preço acessível popularizam a Pizza al Taglio, que é facilmente encontrada pela cidade. Outro patrimônio gastronômico da capital italiana é a Pizza Bianca, também de formato retangular, vendida ao quilo e, na maioria das vezes, sem cobertura, apenas com azeite de oliva e sal.
2. Trapizzino
Uma pizza em formato de sanduíche ou um sanduíche que se parece com uma pizza? Na dúvida, fique com os dois, ou melhor, com o Trapizzino, um lanche meio tramezzino (sanduíche em italiano), meio pizza. A base é uma pizza bianca que pode ser recheada com vários preparos tradicionais, como pollo alla cacciatora (frango), polpette al sugo (almôndega) e língua em salsa verde.
3. Carbonara
De tão popular, esse prato super típico de Roma tem um dia para chamar de seu: 06 de abril, conhecido também como o Dia do Carbonara. Na data, especialistas debatem a origem do prato – até hoje não há consenso sobre o tema – enquanto chefes de cozinha compartilham suas criações. A receita clássica do Carbonara é um spaghetti ou rigatoni feito com guanciale (bochecha de porco), queijo pecorino, gema de ovos e azeite.
4. Cacio e pepe
A julgar pela quantidade de ingredientes (queijo pecorino, pimenta do reino e macarrão), parece uma receita simples; mas exige muita técnica no preparo. Para obter a cremosidade característica do prato, é necessário saber o ponto de cozimento da massa, ter a quantidade certa de queijo e moer a pimenta na hora para liberar seus aromas. Para se chegar à textura ideal, recomenda-se pastas longas, como tonnarelli e spaghetti.
5. Pasta all’Amatriciana
A Pasta all’Amatriciana figura entre os pratos mais famosos de Roma, feito de massa bucatini (lembra um canudinho), guanciale (bochecha de porco), tomates, queijo pecorino e pimenta fresca. Segundo especialistas, esse prato é uma derivação da Pasta alla Gricia, que é feita com os mesmos ingredientes, com exceção dos tomates.
6. Coda alla vaccinara
Nem só de pastas e pizzas vive a gastronomia italiana. Outro prato típico de Roma é o Coda alla Vaccinara, um ensopado de rabo de boi cozido com legumes, ervas e temperos. O nome do prato é uma referência aos curtumes de Regola, bairro da capital italiana que deu origem à receita.
7. Gnocchi alla Romana
É um prato com sabor afetivo, como os almoços de família aos domingos. É feito com sêmola, leite, ovos, manteiga e parmesão. O preparo é bem simples. Ferva o leite e, em seguida, misture-o com a sêmola. Depois de formar uma massa grossa e uniforme, faça discos de 4 cm de diâmetro, coloque numa assadeira amanteigada e polvilhe com parmesão. Depois é só deixar assar por 15 minutos e servi-los ainda quente.
8. Supplì
Um dos petiscos mais deliciosos de Roma, é um bolinho de risoto frito recheado com molho de tomate, queijo ou carne. Supplì, que vem do francês, significa surpresa, uma referência ao delicioso e surpreendente recheio. Esse apetitoso petisco também é chamado de Supplì al Telefono. O motivo é de dar água na boca: quando partido ao meio, o queijo derretido se estica lembrando um fio de telefone.
9. Filetti di baccalà fritti
Tradicionalmente, o filetti di baccalà fritti é uma comida típica do período natalino, mas de tão saborosa, passou a ser consumida durante todo o ano e facilmente encontrada em bares e restaurantes de Roma. O segredo desse petisco, que é feito à base de filé de bacalhau, está na massa. Alguns chefes adicionam cerveja ou levedura para deixar a massa mais consistente e crocante.
10. Trippa alla Romana
É uma comida típica Romana, bastante apreciada nos almoços de sábado nas trattorias de Trastevere e Testaccio. Originalmente, por não ser uma parte nobre do boi, era consumida apenas pelos trabalhadores mais pobres. Mas com o passar do tempo foi conquistando os mais variados paladares, sem distinção social. Na receita romana, a tripa é fatiada e servida com molho de tomate, queijo pecorino e hortelã.
11. La Pajata
Assim como a Coda alla Vaccinara e a Trippa alla Romana, La pajata é um prato típico de Roma feito a partir das tripas do bezerro não desmamado, ou seja, que ainda não pastou e se alimentou somente com o leite materno. Os intestinos são limpos e cortados, porém o quimo é mantido, formando um coalho durante o preparo. É justamente essa peculiaridade que confere cremosidade ao molho, que é servido com tomate e rigatoni.
12. Carciofi
As alcachofras, carciofi em italiano, têm um papel de destaque na gastronomia romana, em especial na primavera, época de sua colheita. Entre as possibilidades de receitas, as mais populares são Carciofi alla Giudia e o Carciofi alla Romana. A primeira, de origem judaica, a alcachofra é frita, enquanto na segunda, é cozida com azeite e ervas.
13. Abbacchio a Scottadito
É um prato típico da Páscoa. São costelas de cordeiro grelhadas servidas ainda quentes e comidas com as mãos, segurando pelo osso. Mas, comendo dessa forma, você não corre o risco de queimar os dedos? Com certeza! E por isso o nome scottadito, que significa dedos queimados. De tão deliciosas, tradicionalmente, as costelas não costumam vir com acompanhamentos, no máximo, alguns legumes e limão.
14. Saltimbocca
De tão apetitosos, esses escalopes de vitela saltam à boca e são muito populares em Roma. Cada pedaço de carne é temperado com sal e pimenta, depois é colocado meia folha de sálvia e sobre esta, uma fatia de presunto. Apesar de ser um dos símbolos da gastronomia romana, há quem acredite que sua origem é da cidade de Brescia.
15. Maritozzo com creme
Além do tiramisu, o que comer em Roma de sobremesa? Nossa sugestão: um delicioso e calórico Maritozzi. Pão doce recheado com chantilly cujas origens remontam ao Império Romano. Inicialmente, era adoçado com mel; depois, com frutas cristalizadas e, finalmente, com creme. Seu nome surgiu de uma tradição do século XIX, quando os noivos presenteavam suas noivas no Dia dos Namorados com um doce “recheado” com um anel ou jóia de ouro.
Extra: Apperol !
Ok, não é um prato de macarronada tampouco uma petisquinho, mas ninguém vai negar que é um ícone da gastronomia italiana. A bebida foi criada em 1919 pelos irmãos Barbieri, que escolheram esse nome inspirados no termo francês para aperitivo (apéro). Sua receita está guardada a sete chaves, mas o que não é segredo para ninguém é que ela é refrescante e se popularizou mundo afora nos últimos anos. Entre os ingredientes, a bebida leva laranja, genciana, ruibarbo e quinquina.