Quando falamos sobre um tipo de prato que é consumido em praticamente todos os países do mundo, a sopa certamente merece destaque. Sua origem remonta à descoberta do fogo, que trouxe a possibilidade de cozimento de carnes e vegetais. Dessa forma, a história das sopas mescla-se à própria história da humanidade, sendo que cada região incorporou seus sabores e ingredientes a essa preparação.
Apesar da imensa variedade de receitas ao redor do mundo, um fato é inerente a todas as sopas: sua característica de proporcionar conforto e hospitalidade. Se você também é fã desse prato emblemático, te convidamos a viajar pelo mundo através de 20 sopas típicas.
As melhores sopas do mundo
Gazpacho (Espanha)
A sopa mais famosa da Espanha provém de sua região mediterrânea, a Andaluzia. Não é à toa que o sabor desse prato típico espanhol seja resultado de ingredientes frescos como tomate, alho, cebola, pimenta e azeite.
O Gazpacho teve origem durante a ocupação moura da Península Ibérica no período medieval. Inicialmente, era um prato consumido por camponeses e não levava tomate em sua composição. A fruta foi incorporada à sopa apenas no século XVI após a colonização do México, de onde os espanhóis trouxeram o ingrediente.
O nome Gazpacho, em árabe, significa pão molhado, uma vez que, habitualmente, essa sopa é consumida fria acompanhada por um pedaço de pão. Nos dias atuais, a receita de gazpacho possui diversas variações, que incluem o uso de amêndoas, abacate, melão, melancia, dentre outros ingredientes.
Harira (Marrocos)
A culinária árabe também possui sopas deliciosas, como a Harira, de origem marroquina. Essa preparação é, tradicionalmente, consumida no mês do Ramadã, período do ano em que os muçulmanos realizam jejum durante todo o dia como forma de reflexão e proximidade com sua fé. Após o pôr do sol, quando é permitido alimentar-se, a Harira é consumida acompanhada de tâmaras e bolos de mel.
Essa sopa típica do Marrocos é preparada com carne de cordeiro, grão-de-bico e tomate. O resultado é um caldo perfumado, bastante temperado com açafrão, canela, gengibre e noz-moscada. Servida quente, a sua textura é suave, como o próprio nome, Harira, traduzido do árabe sugere.
Laksa (Malásia e Singapura)
O Sudeste Asiático é conhecido por seus pratos com sabores bastante complexos e, muitas vezes, contrastantes. As sopas asiáticas encaixam-se com perfeição nessa cultura alimentar, sendo uma das mais famosas a Laksa, especialmente consumida na Malásia e em Singapura.
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Embora haja diversas variações em seu preparo, a receita da Laksa tem por base um caldo elaborado com curry picante, gengibre e leite de coco. Para servir, pode ser complementada com camarão, frango, tofu e os tradicionais noodles orientais.
Acredita-se que a origem dessa sopa seja proveniente de uma fusão entre a cultura chinesa e a dos países do Sudeste Asiático, por juntar ingredientes típicos de todas essas regiões. Há teorias que sugerem que o nome do prato vem do cantonês significando “areia apimentada”, uma referência à textura e ao sabor dessa sopa típica.
Yayla çorbası (Turquia)
O iogurte, um dos ingredientes mais utilizados na cozinha turca, é a base para a sopa tradicional do país, a Yayla çorbasi. Nessa preparação, arroz e grão-de-bico são cozidos em um caldo aromatizado com especiarias e ervas. O iogurte é o que traz cremosidade à sopa, podendo ser complementado com queijo feta.
A Yayla çorbasi teve origem com o povo assírio, os quais habitaram a região da Turquia na Antiguidade. Seu nome significa “sopa das montanhas”, uma vez que é bastante consumida pelos camponeses das regiões montanhosas do país, devido também a seu alto teor nutritivo.
Por sinal, a capacidade nutricional dessa sopa, faz com que ela seja uma das mais recomendadas no restabelecimento da saúde de enfermos na Turquia, sendo um item prevalente nos menus das clínicas e hospitais.
Minestrone (Itália)
A mais famosa sopa italiana surgiu durante a Primeira Guerra Mundial. Com a escassez de alimentos no país, os camponeses inventaram um caldo salgado, no qual eram cozidos todos os vegetais disponíveis. Na época, o prato era preparado nas praças da cidade, em grandes caldeirões, e cada família contribuía com os ingredientes que possuía. Surgiu então, o Minestrone, que em italiano significa “sopão de vegetais”.
Não existe uma regra fixa para a receita de Minestrone. Podem ser utilizados vários tipos de legumes, como batata, aipo e cenoura. Algumas preparações levam ainda carne, macarrão e arroz. Isso faz do Minestrone uma das sopas mais democráticas e acessíveis do mundo.
Tom Yum (Tailândia)
As sopas picantes são uma característica predominante da culinária tailandesa. A Tom Yum é uma das mais famosas do país, com um caldo extremamente aromático, resultado da união de diversas especiarias e ervas, incluindo capim-limão, galangal e folhas de limão kaffir.
Na tradução do tailandês, Tom significa “cozinhar” e Yum “misturar”. A partir dessa simples premissa, surgiram diversas variações da sopa com diferentes tipos de proteínas em sua composição, como a Tom Yum Kung (com camarão), a Tom Yum Gai (com frango) e a Tom Yum Kha Mu (com carne de porco).
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Sopa de Tortilla (México)
O México é mundialmente conhecido por suas tortilhas de milho, porém poucos sabem que esse alimento é a base de uma famosa sopa típica do país. Na Sopa de Tortilla, pedaços de tortilhas de milho fritas são misturadas a um caldo de tomate temperado com cebola, alho, salsinha e pimenta.
A Sopa de Tortilla é especialmente popular na região central do México. Sua origem é uma mistura do legado dos povos pré-colombianos com o dos espanhóis que colonizaram a região. Enquanto as tortilhas já eram preparadas desde 10000 a.C. pelos nativos devido à abundância de milho na região, foram os europeus que trouxeram a tradição da sopa para o continente americano.
Caldo Verde (Portugal)
Considerado uma das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, a receita de Caldo Verde surgiu na região do Minho, uma das mais frias e chuvosas do país. Logo, essa sopa quente serviu como base da alimentação dos camponeses da região, a partir do século XV.
Na preparação do caldo verde, utiliza-se um vegetal típico do norte de Portugal: a couve-galega. A sopa é complementada por batatas e, após estar pronta, coloca-se um pedaço de chouriço para contrastar com os sabores suaves ali presentes.
Tradicionalmente, o caldo verde deve ser servido em tigelas de barro, acompanhado por broa de milho e um bom vinho tinto. No entanto, vários países de colonização portuguesa adaptaram essa sopa à sua culinária, como o Brasil. Em nosso país, o caldo verde passou a ser feito com couve-manteiga, bacon e linguiça calabresa.
Phở (Vietnã)
A culinária vietnamita é rica em sabores e texturas, como pode ser ilustrado por uma das suas sopas mais emblemáticas, a Phở. Nesse prato, noodles de arroz e carne bovina fatiada são cozidos em um caldo perfumado com diversas especiarias como coentro, gengibre e cardamomo.
Na receita original, o caldo leva mais de 12 horas para ficar pronto, o que garante um sabor único a essa sopa típica. Servida em diversos restaurantes pelo país, a Phở é, inclusive, consumida no café da manhã. Tal popularidade remonta à colonização francesa no Vietnã, época em que o prato foi inventado.
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Soupe à l’Oignon Gratinée (França)
A elegante cozinha francesa possui uma das sopas mais refinadas do mundo, a Soupe à l’Oignon Gratinée. Embora as sopas de cebola já fossem consumidas pelas civilizações grega e romana, a primeira receita documentada desse prato tal como conhecemos hoje foi elaborada por um francês no século XVII.
Inicialmente consumida por camponeses pobres, devido ao preço acessível das cebolas, a sopa ganhou popularidade e hoje é servida em todos os tipos de restaurantes. O grande segredo dessa preparação é gratinar as cebolas em manteiga até que fiquem escuras. Ao serem misturadas em um caldo temperado, forma-se uma sopa levemente cremosa e aveludada. Hoje em dia, é servida com uma fatia de pão e uma bela camada de queijo gratinado por cima (às vezes até demais!).
Sopa Wonton (China)
Com uma tradição de sopas extremamente ricas, a China possui pratos que misturam diversos vegetais e carnes em caldos leves e aromáticos. Uma das sopas mais famosas do país é a Sopa Wonton, originária da região do Cantão. Nesse prato, uma massa de farinha e ovos muito fina, chamada wonton, é cozida em um caldo condimentado junto a vegetais e carnes.
A origem dessa sopa remonta ao século XVII, durante a Dinastia Qing, na qual esse prato era servido apenas para as famílias ricas. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, a sopa popularizou-se entre as classes trabalhadoras e hoje é consumida em todo o país e na região do Sudeste Asiático.
Chupe de Marisco (Peru)
A América Latina também possui um grande legado no preparo de sopas tradicionais. Fruto da combinação entre as culturas pré-colombiana e espanhola, um dos pratos mais famosos da região é o Chupe de Marisco do Peru.
Essa sopa peruana, popular na região sul do país, é feita com mariscos cozidos em um creme temperado com pimenta e alho. O resultado é um caldo cremoso, no qual são adicionados queijo e vinho branco. Atualmente, encontram-se variações com outras proteínas como camarões, carne bovina e frango.
Soto (Indonésia)
Um dos pratos mais populares da Indonésia é o Soto, um caldo perfumado elaborado com carne e macarrão de arroz. Diversas variações são encontradas nas ruas do país, sendo uma das mais famosas a Soto Ayam, feita com frango cozido e servida com ovos, tofu e cebolas fritas.
Embora seja considerado um autêntico prato indonésio, o Soto, na realidade, não teve origem no país. Essa sopa foi introduzida na Indonésia pelos chineses ao longo de suas históricas relações comerciais. Inclusive, a palavra soto vem do chinês shao tu, que faz referência a miúdos cozidos.
Chowder Soup (EUA)
Uma das sopas mais tradicionais da América do Norte, a Chowder Soup, é feita à base de creme de leite e frutos do mar. Sua origem, no entanto, é europeia, sendo primeiramente encontrada na costa da França e no sudeste da Inglaterra nos séculos XVI e XVII. Quando os marinheiros retornavam de suas longas viagens, eram recebidos com uma sopa de peixes e frutos do mar, bem semelhante à atual Chowder Soup.
Com a colonização britânica nos EUA, a sopa foi trazida para a América e desde o século XVII são encontradas receitas desse prato no continente. Existe, inclusive, uma data oficial no calendário americano para comemorar o dia nacional da Chowder Soup.
Ao redor do país, existem diversas variedades dessa famosa sopa, incluindo a New England Clam Chowder (com cebolas e batatas), a Manhattan Clam Chowder (com caldo de tomate substituindo o creme de leite) e a Rhode Island Clam Chowder (com bacon e mariscos).
Tacacá (Brasil)
O Brasil é um país continental com uma variedade de tradições culinárias imensa. Desse modo, é difícil escolher uma única sopa que represente o Brasil, mas, sem dúvidas, o Tacacá é um prato que simboliza muitas de suas referências alimentares.
Essa famosa sopa da região amazônica é herança dos povos nativos indígenas, derivada de um prato ancestral chamado mani poi. O sabor exótico do Tacacá é resultado de um caldo feito a partir de tucupi, jambu, camarões secos e tapioca. Essa sopa é tradicionalmente servida bem quente em cuias, temperada com pimenta e sal.
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Goulash (Hungria)
Uma das sopas mais famosas do mundo é o Goulash, de origem húngara. Suas raízes fundem-se à história de seu povo, o qual diante da necessidade de ausentar-se de suas casas ao pastorear animais, preparavam carnes para levar nas viagens.
Durante o preparo, as carnes eram cozidas em um caldo temperado até que esse secasse. Na hora do consumo, os pastores as esquentavam novamente com água, formando uma sopa quente e nutritiva.
Com o passar dos séculos, a receita do Goulash foi sendo aprimorada com a adição de páprica e tomates, tomando a forma que conhecemos hoje. Em algumas preparações, utilizam-se batatas e macarrão para enriquecer a sopa.
Tinola (Filipinas)
A Tinola é uma sopa típica das Filipinas, da qual encontram-se muitas variedades pelo país. Sua base é um caldo quente com diversas especiarias, incluindo gengibre e alho, e molho de peixe. Nesse caldo, são cozidos frango e vegetais da região, como mamão e chuchu. Há outras variedades dessa sopa com peixes, mariscos e diversas proteínas. A mais popular é a Tinolang Manok, que significa Sopa de Frango.
Efo Elegusi / Egusi (Nigéria)
As sopas africanas possuem preparações típicas com sabores surpreendentes. Um exemplo é a sopa Egusi de origem nigeriana, consumida tradicionalmente pelo povo igbo.
Egusi é o nome dado pelos habitantes do oeste africano para sementes de abóbora e melão, as quais são os ingredientes principais da sopa Egusi. As sementes são fritas em óleo de palma e adicionadas a um caldo que leva peixe, camarões secos, tripa de vaca, vegetais e temperos.
Ramen (Japão)
A comida oriental sempre foi marcada pela diversidade de sabores compondo um mesmo prato. Logo, uma das sopas mais tradicionais do Japão não poderia ser diferente. O Ramen consiste em um caldo à base de porco, peixe ou frango, temperado com tarê e servido com macarrão. Como acompanhamentos, utilizam-se diversos ingredientes, incluindo vegetais e ovos cozidos.
Embora essa sopa seja famosa predominantemente no Japão, sua origem é chinesa. Dentre as lendas sobre o Ramen, a mais conhecida remete ao século XVII, quando um senhor feudal foi presenteado com o alimento por um professor chinês, sendo o primeiro japonês a experimentar a sopa. Mas há controvérsias, e acredita-se também que o ramen foi introduzido no Japão através de imigrantes chineses entre os séculos XIX e XX e ganhou popularidade após a Segunda Guerra Mundial.
Borscht (Rússia/Ucrânia)
Uma das grandes contribuições do Leste Europeu na culinária do mundo pode ser representada através da sopa Borscht. A cor característica da sopa vem da beterraba, mas a receita também leva diversos outros legumes, carnes e cogumelos. Pode ser consumida fria ou quente, geralmente acompanhada por uma porção de creme de leite.
A Rússia e a Ucrânia reivindicam a origem da sopa. No entanto, os relatos mais antigos associam o consumo desse prato à confederação de tribos eslavas que habitava a região há milhares de anos, quando nenhum dos países ainda existia. Resta saber qual país conseguirá incluir essa sopa típica na lista de Patrimônios Imateriais Culturais da Unesco.