Num país com vinhos tão famosos e premiados, a produção de queijos não poderia ficar para trás. A queijaria portuguesa ainda é um dos segredos gastronômicos mais bem guardados da Europa: para manter a fidelidade aos métodos de produção tradicionais, muitos dos queijos não são pasteurizados e, por isso mesmo, dificilmente são encontrados e comercializados fora do país. 

Uma vez em Portugal, aproveite a oportunidade, experimente as diferentes variedades, sabores e texturas e entenda o porquê cada vez mais chefs do mundo inteiro têm dado chances aos queijos portugueses.

Tipos de queijos portugueses

Não existe um padrão quando falamos sobre queijos em Portugal: cada região tem o orgulho de ostentar seus próprios tipos e métodos de produção. Podem ser frescos ou curados, cremosos ou semiduros, de leite de ovelha, de vaca ou de cabra… De Norte a Sul do país, é possível encontrar queijarias que agradam todos os gostos (e bolsos).

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Queijos DOP, autenticidade garantida

Assim como os vinhos, alguns queijos artesanais também recebem rótulos de denominação de origem protegida (DOP). A certificação é dada para produtos fabricados em regiões específicas, usando técnicas e ingredientes tradicionais. Ela garante que todo o processo de fabricação segue regras de obtenção de leite, raça dos animais, venda dos produtos…Para identificar se eles se encaixam em todas as regras de produção exigidas pela legislação, basta verificar se possuem o selo DOP no rótulo. 

Apesar dessa lista se concentrar em queijos com denominação protegida, Portugal produz outros queijos tradicionais com altíssima qualidade mas que não possuem necessariamente o selo DOP.

Você sabia? A flor de cardo é tradicionalmente utilizada como coagulante na produção de queijos do mediterrâneo, especialmente em Portugal e Espanha.

Queijos DOP de Portugal

Queijo Serra da Estrela

É um dos queridinhos e mais famosos queijos portugueses. O próprio nome já adianta sua origem: é produzido nas montanhas localizadas no centro do país. Para que receba a classificação DOP, o leite usado na fabricação deve vir das ovelhas criadas na região. A ordenha é feita manualmente e, depois, o leite é aquecido, coalhado e curado com flores de cardo. 

Por ter um sabor delicado e uma consistência cremosa, costuma ser servido com pães, torradas e bolachas. É só fazer um furo na parte superior da casca, passar uma espátula e se deliciar. Ah, não estranhe o cheirinho forte do queijo Serra da Estrela, essa é também uma de suas características principais.

Queijo de Azeitão

Também entra na lista de queijos cremosos, produzido a partir de leite de ovelha e flores de cardo. A diferença é que este vêm de Azeitão, uma vila situada a menos de 1 hora da capital, Lisboa. Apesar de ter um processo de fabricação e uma aparência bem parecida ao queijo Serra da Estrela, ele é mais leve e tem um sabor um pouco mais suave. 

Costuma ser servido à temperatura ambiente. Faça um corte ao meio, depois parta em pequenas fatias e espere a pasta cremosa escorrer lentamente. Uma boa pedida para acompanhar são pães caseiros e uma taça de vinho tinto. 

Queijo do Rabaçal

A receita original vem de uma pequena aldeia localizada perto de Coimbra. Misturando leites de cabra e de ovelha, ganha um sabor sutil e uma textura um pouco mais dura, com crosta amarelada e interior macio e branco. Para chegar a esse resultado, o leite é coalhado e passa por um tempo de cura de pelo menos 20 dias. 

Harmoniza bem com pães para entradinhas, e com mel servido como sobremesa. 

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Queijo de Cabra Transmontano

É um queijo curado, obtido a partir do leite cru de cabra, da raça Serrana. Tem a crosta mais durinha e um sabor levemente picante. Depois de ordenhado, o leite é filtrado, coalhado e todo o soro é retirado. Depois, é salgado e deixado para maturar por pelo menos 60 dias. 

Quanto mais envelhecido, mais evidente fica seu toque picante. 

Perfeito para comer in natura ou para ralar e usar em outras receitas. Um bom acompanhamento são geléias de fruta. 

Queijo São Jorge (Queijo da Ilha)

A produção deste queijo é restrita à ilha de São Jorge, no arquipélago dos Açores. Diferente da maioria, ele é feito exclusivamente a partir do leite de vaca cru. Da ordenha até a última etapa de maturação, são necessários pelo menos 90 dias. O resultado é uma textura semidura, uma casca amarelada e um sabor levemente picante. 

Pode ser servido com pão fresco ou ralado, dando um toque especial a massas e carnes, por exemplo. 

Queijo de Nisa

O aroma intenso e o sabor ligeiramente ácido são sua marca registrada. De pasta semi-dura e cor branca amarelada, é produzido na região do Alentejo, a partir do leite de cabra. Espere encontrar à venda peças de 13 a 16 cm de diâmetro, com pequenos orifícios. 

É perfeito para petiscar, enquanto se prova um clássico vinho alentejano. Mas também costuma ser usado no preparo de quiches e pratos tradicionais. 

Queijo de Serpa

O tempo é o segredo: até chegar ao resultado esperado, o queijo pode levar um período de 4 meses a 2 anos de envelhecimento. Produzido a partir de leite de ovelha cru, suas características variam muito. Dependendo do tempo de maturação, ele pode apresentar uma consistência que vai de amanteigada a dura. Seu toque picante e levemente adocicado vem da páprica. 

Se estiver cremoso, experimente prová-lo como uma pasta. Caso tenha uma consistência um pouco mais firme, prefira cortar em rodelas e servir com um típico pão alentejano. 

Queijo de Évora

Mais uma produção típica alentejana. Também é feito a partir do leite de ovelha cru e tem características bem marcantes: a crosta é lisa, amarela e com pequenos orifícios. O sabor mais salgado é compensado por um sabor levemente picante. Seu processo de maturação é de 30 dias para os de pasta semi-dura e de 90 para os de dura. Quanto mais envelhecido, mais saborosos. 

Na região do Alentejo, é uma pedida clássica em bares e restaurantes. Cortado em pequenos pedaços, funciona bem como um petisco para antes da refeição principal. Também pode ser conservado em azeite. 

Queijo do Pico

Registros históricos mostram que ele já era produzido no arquipélago dos Açores desde o século XVIII. Tradicionalmente, era feito exclusivamente a partir do leite de vaca cru, mas hoje já há produções mistas, que também incorporam o leite de cabra na fabricação. Suas características são muito parecidas às do Gouda: cheiro forte, interior macio e sabor suave, mas marcante. 

Costuma ser servido acompanhado de vinho do Pico, em pequenos pedaços e rodelas, no começo ou no fim das refeições. 

Queijos da Beira Baixa

Englobam três tipos: o Castelo Branco, o Amarelo da Beira Baixa e o Picante da Beira Baixa. São curados e produzidos a partir de uma mistura de leite de ovelha e de cabra. A consistência varia de semi mole a dura, dependendo dos processos artesanais de produção. O aroma costuma ser forte, mas o sabor leve funciona como um bom contraponto. 

São queijos bem versáteis e que assumem diferentes usos dentro da gastronomia portuguesa. Mas, se quiser entender as particularidades de cada um, considere montar uma tábua de frios para prová-los enquanto degusta uma boa taça de vinho. 

Queijo de Castelo Branco

Além do leite cru de ovelha, ele leva sal e cardo, num processo de pelo menos 40 dias de cura. Tem consistência mais cremosa e aparência ligeiramente amarelada. Na boca, tem uma textura amanteigada e com toques de acidez. Quando passa por mais de 90 dias de envelhecimento, passa a ser chamado de “Queijo de Castelo Branco Velho” e ganha uma consistência mais dura. 

É um queijo português mais leve, normalmente feito a partir de leite de vaca. Muito parecido com a ricota italiana, é facilmente encontrado em mercearias e mercados de todo o país, sempre envoltos por embalagens plásticas. Em comparação com outros queijos tradicionais, tem um sabor bem mais sutil. 

Seu grande ponto positivo é sua versatilidade: vai bem com receitas tanto doces quanto salgadas. Se tiver oportunidade, experimente-o com doce de abóbora. 

Para saber mais sobre queijos de Portugal

A literatura pode ser um bom jeito de mergulhar para valer nos sabores de Portugal. Em 2019, o premiado chef Diogo Rocha lançou o livro “Queijaria do Chef – Guia de queijos portugueses” (Editora Casa das Letras). Na obra, ele propõe uma verdadeira viagem por todos os queijos com certificação DOP do país, contando seus métodos de produção, sugerindo vinhos para harmonização e até ensinando receitas em que podem ser utilizados.

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