Você é daqueles que não come comida de rua porque tem medo de passar mal? Quando está viajando só come em restaurantes para não arriscar? Nós entendemos seus medos, principalmente durante uma viagem, ninguém quer lembranças de uma intoxicação alimentar. Por outro lado, se privar dessa aventura gastronômica é dizer não a sabores autênticos e a oportunidade única de entender como as pessoas locais comem e se relacionam com a comida.

A cultura da comida de rua

Normalmente, comida de rua está associada a grandes centros urbanos. Mas em alguns países como Tailândia, Vietnã, Índia, Marrocos, México, a comida de rua faz parte da cultura gastronômica. Nestes casos, se você quer viver seus destinos, você precisa se aventurar e explorar cada barraquinha e restaurante local espalhados pela cidade. Além disso, a experiência vai muito além do prato, os vendedores de comida de rua dão um show à parte, fazem mágica com as mãos. É uma experiência marcante, o agito da rua, a barraca, os ingredientes ali expostos, o sabor autêntico e o contato com os locais. Uma conexão quase poética com o destino através da comida em meio ao caos.

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Entenda os riscos de comer comida de rua

Sim, existem riscos. Como o problema está relacionado à padrões de higiene, considerando a estrutura de saneamento básico, alguns destinos têm um risco inerente maior que outro. Depois precisamos considerar as condições de higiene de cada vendedor ambulante.

O comércio de comida de rua é um dos setores mais desafiadores para as agências de vigilância sanitária em qualquer lugar do mundo. Primeiramente, devido a informalidade e alta rotatividade das barracas, a fiscalização é complexa, depois pela falta de infra-estrutura, na maioria das vezes as barracas não tem acesso a água potável. Tudo isso é agravado pelo fato da comida ficar exposta por longos períodos em temperatura ambiente.

Comer comida de rua na sua cidade também tem seu risco, mas durante uma viagem os riscos são maiores. O viajante fica exposto a padrões de higiene, vírus e bactérias diferentes das que está acostumado. Tanto que diarréia por contaminação alimentar é a doença mais comum entre os viajantes.

Mas sem alarmismo! Após meses viajando e explorando comidas de rua em cidades consideradas de alto risco, cada um de nós só teve problemas com comida apenas uma vez. Considerando todos os lugares que já comemos, somos orgulhosos desse número porque mostra que nossos cuidados têm sido eficazes.

O que fazer para evitar uma contaminação

Antes de começar a viagem, fomos no Centro de Medicina do Viajante em SP. Contamos sobre o objetivo da nossa viagem e eles nos passaram uma série de cuidados que deveríamos tomar. Vamos listar aqui tudo o que aprendemos no caminho e os conselhos que recebemos do centro do viajante. Claro que nenhum conselho é um método a prova de falhas, mas tem funcionado muito bem.

Escolhendo onde comer:

Sempre pergunte as pessoas locais onde comer!

Não existe guia melhor do que alguém que mora na região. Uma recomendação dessas é garantia de um lugar com boa higiene e sabor autêntico. Afinal, não basta não passar mal, tem que aproveitar a experiência, certo?

Se for escolher aleatoriamente, dê preferência para lugares cheios que tenham famílias locais com crianças ou pessoas mais velhas comendo.

A lógica é simples, lugares cheios provavelmente são bons. Tem alta rotatividade, o que é sinônimo de comida mais fresca. Se crianças aceitam bem a comida, provavelmente você também, inclusive se tiver estômago sensível. Ah! Só para garantir, “lugares cheios, mas só com turistas”, não atendem esta regra.

Descubra o horário que os locais fazem suas refeições e ajuste a sua agenda

Durante viagens, as refeições acabam sendo feitas em horários alternativos. Um café da manhã mais longo, não vai te deixar com fome tão cedo. Agora, se o costume local é almoçar às 12:00hs e você quiser almoçar às 14:30hs da tarde, a comida não vai estar tão fresca e encontrará menos lugares disponíveis.

Não procure onde comer quando já estiver com fome

Com fome a gente acaba fazendo escolhas mais emocionais para atender a nossa necessidade do momento e nem sempre essas escolhas serão as melhores. Vá mapeando os lugares interessantes para comer durante o passeio, mesmo que você não coma naquele momento. Quando a fome bater, volte! Além disso, normalmente as melhores barracas de comida de rua não estão em áreas turísticas, observe o caminho.

Escolhendo o que comer:

Vá de frito, assado ou cozido! Ainda quentes! Evite comida crua, inclusive saladas.

A temperatura ajuda a matar as bactérias, quanto mais quente melhor. Saladas são super refrescantes, mas a água é o principal meio de proliferação de bactérias, às vezes o problema está na água que a salada foi lavada.

Coma comida local

Se o cardápio oferecer comida local e comida internacional – pode ter certeza que os ingredientes para fazer a comida local serão mais frescos que o da comida internacional.

Descasque suas próprias frutas!

A natureza é sábia e a casca das frutas são a sua proteção. As barracas com frutas já cortadas são lindas, mas é bem melhor comprar as frutas no mercado e cortar você mesmo. Você ainda tem mais dois benefícios: economiza e evita mais plásticos no mundo.

Adora um suco? Só tome em lugares onde saiba que utilizam água filtrada.

O mesmo vale para o gelo. Na dúvida , escolha chá quente, água mineral ou água de coco. Também evite refrigerantes e sucos artificiais, não porque tem risco de contaminação, mas porque fazem mal mesmo.

Cuidados:

Lave sua mão e leve álcool em gel no bolso! Sempre!

Muitas vezes a comida não está contaminada, mas sua mão sim! Não é sempre que você vai ter acesso a uma torneira e sabonete para lavar as mãos, por isso álcool em gel é o melhor companheiro de viagens. Lenços umedecidos também, inclusive para dar uma limpada extra em algum utensílio.

Se for o caso, leve cartões no idioma local sobre restrições alimentares (ex. Celíacos e Diabéticos)

Se você tiver alguma restrição mais séria e precisa evitar algum ingrediente, leve um cartão explicando os detalhes da sua restrição no idioma local.

A dica mais importante: Quando se sentir seguro, esqueça tudo isso!

Nós começamos a viagem nos preocupando com cada um destes pontos, mas durante a viagem seu corpo vai se acostumando com os novos padrões. Com o tempo, você vai estar tão acostumado a reconhecer bons lugares para comer, que poderá abrir mão de algumas recomendações e explorar ainda mais a culinária local.

Além disso, é importante entender o contexto onde está inserido, se você ver sinais de higiene e padrões semelhantes ao que você está acostumado em casa, não precisa se preocupar.

E se alguma coisa der errado?

Se mesmo com todos os cuidados você teve contato com alguma comida contaminada, observe seus sintomas. A grande chance é que você esteja com uma doença conhecida como Diarréia do Viajante, é tão comum que tem até nome próprio. Neste caso, alguns dias de repouso e muita hidratação, vão dar conta do recado.

O ideal é que faça uma reidratação eletrolítica, aqui vale, água de coco, sais de reidratação oral comprados em qualquer farmácia mundo a fora, e se por acaso não encontrar se lembre daquela receita de soro caseira (1 litro de água mineral + 1 colher de sopa de açúcar + 1 colher de chá de sal).

Outra dica incrível é levar pastilhas de carvão ativado na mala, que ajudam a desintoxicar o corpo. Nós tomamos no primeiro sinal que o estômago não está legal e muitas vezes já é suficiente.

Agora, fique atento! Caso os sintomas se agravarem, procure um médico! Não é aconselhável tomar antibiótico e nem (ex. Imodium) ou algum remédio do tipo sem orientação médica.

Aventure-se na rua, mas faça boas escolhas

Esperamos que este guia te ajude a fazer boas escolhas em relação a comida de rua na sua próxima viagem. Aproveite para explorar novos sabores enquanto observa as cenas da cidade. Tem coisa melhor?

Confira aqui nosso guia com o que provamos de melhor na Malásia

Lembre-se! Sempre observe as pessoas locais. Elas são a sua melhor referência.

Vendedor de comida de rua em Penang

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